No Lille, no nordeste da França, o escrever andando vem, escrever andando a novo e outras vezes, na rua.

A vezes, ha uma chuva extraordinaria no Lille – é mais nessa perioda, so antes do verao – que acontece no mesmo tempo que um grande burraco de nuvens de onde o sol entra muito.

O gastar, gastar palavras sobre papel, papel abaixo dos palavras, chega muito rapidamente, deixar o material se mexer com o agradao – tudo isto jà là esta ? – deixar os palavras se dispersar com o vento. Sim sim, o vento acontece aqui por atràs na rua parallela da rua Léon Gambetta, parece vir do mar e se renforçar no corridor feito das casas de tijolos.

Uma mulher grita contra seus crianças numas das casas de tijolos.

Ha um ponte em ferro que queria atravessar mas que nao posso porque depois de subir um corrimao, uma barreira indica que so os profesionais SNCF podem pasar. Vejo isto dabaixo – cuando ouvi a mulher gritar e dei meia-volta – mas jà eu desanimo de subir so o corrimao como se nao valia a pena : porque depois nao poderia atraversar o ponte entero, pasar completamente os trilhos da ferrovia dabaixo. Se vale a pena, tenho de pasar a barreira ; parece estar isto na minha cabeça. Estou a escrever, um caderno nas maos, uma caneta na outra mao.

 

Jà me lembro dum momento com uma amiga Ludmila no Nîmes, no Sul da França – uma barreira no nosso liceu que nao jà me lembro o nome, uma pequena, mas tinha vacio por atras e uma distanca bastante peligrosa por abaixo, com um carro estacionado. « Vamos saltar ? » A pergunta que fizemos estava um pouco no ar, e jà sabiamos que nao iamos saltar mas no ar ainda, essa possibilidade deixava uma ligeira sensaçao de estar do outro lado dum lugar hihi.

E jà me lembro dos paisagems lindos no campo perto de Vila Velha do Rodao, e de tantas de barreiras para proteger as oliveiras e o Nicolau que me diz isto como um grito de vitoria ; « Queria estar no paisagem [mostrando com seus braços] !! Queria atravessar essas barreiras, jà posso atravessar essas barreiras ! »

 

Voltando na barreira em cima dos trilhos no Lille, nao sei bem, escrevendo, o corpo da meia-volta, a possibilidade estava (esta) nele, de poder ligeiramente amar o outro lado, que é o mesmo lado do outro lado, que é a mulher que grita, que sao as imagems que voam com vento da cidade, que é o desejo voltando sobre ele proprio (estar no paisagem ?) , que é, que é… Jà o sol volto que gasta palavras de vento na rua, continuando de esperar de gastar.

coline

 

Lugar: Lille / Bairro Hellemmes-Lille